A CABRA
A cabra transmite à terra o que sabe
presa à sua sombra, chuvosa, a cabra
quebra o silêncio das raízes, rumina
as fezes, investe até ao fundo
contra a solidão, cata ruínas
com a mesma paixão do tempo
A cabra no escuro, tanto
lhe faz quando a noite a roce
no vento pelos úberes, os úberes
da cabra riscam a noite
de branco.
J.T. Parreira
A cabra transmite à terra o que sabe
presa à sua sombra, chuvosa, a cabra
quebra o silêncio das raízes, rumina
as fezes, investe até ao fundo
contra a solidão, cata ruínas
com a mesma paixão do tempo
A cabra no escuro, tanto
lhe faz quando a noite a roce
no vento pelos úberes, os úberes
da cabra riscam a noite
de branco.
J.T. Parreira
POEMA(S) DA CABRA
(…)
Quem já encontrou uma cabra
que tivesse ritmos domésticos?
O grosso derrame do porco,
da vaca, do sono e de tédio?
Quem encontrou cabra que fosse
animal de sociedade?
Tal o cão, o gato, o cavalo,
diletos do homem e da arte?
A cabra guarda todo o arisco,
rebelde, do animal selvagem,
viva demais que é para ser
animal dos de luxo ou pajem.
Viva demais para não ser,
quando colaboracionista,
o reduzido irredutível,
o inconformado conformista.
(…)
João Cabral de Melo Neto, Obra Completa
Poemas escolhidos pelos alunos do 10º C
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