segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O BESTIÁRIO DA BESC (1)

PERU

Do peru, está tudo dito. Elefante do aviário, o peru não aguenta mais ápodos
. Podemos, no entanto, garantir que o peru rupe, que não é mau com puré e que, embora prue, morre muito com urpe.
O melhor peru é o do vale do Epru. Mas não paga a pena mandá-lo vir de lá. Chegaria a vossas casas sem aquele «repu» que o caracteriza. Podeis, perum, supermercá-lo: vitaminado, vacinado, pesado, congelado, embalado, comprovado. Aproveitai, no presente Natal, este superperu, que, para o ano, vendê-lo-ão já mastigado, em bisnagas cheias de préu.

Alexandre O’Neill, As Horas Já de Números Vestidas


Poema escolhido pelos alunos do 12º A e B

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

António Rodrigues de las Heras na IV Conferência PNL






Antonio Rodríguez de las Heras, Director do Instituto de Cultura e Tecnologia da Universidade Carlos III, Madrid, inaugurou, depois da abertura protocolar, a IV Conferência Internacional do PNL. Na sua exposição, A.R. de las Heras centrou-se nos desajustes entre os novos leitores, os nativos digitais e a leitura/escrita que lhes oferecemos; entre o mundo da tecnologia e um ambiente cultural assente em formas de escrita secular e na página impressa.
Estamos imersos en un entorno sobreinformado, icónico, cinético, abotonado. Y hay que imaginar y ensayar medios para escribir para un lector conformado por este entorno, afirmou o autor. A escrita e o livro são extensões da memória mas essa função não é exclusiva da folha de papel. O suporte digital pode bem responder às necessidades da memória, assim como à função inversa de esquecimento, sem a qual a primeira não é possível. O fundamental, para A.R. de las Heras, está hoje na hipertextualidade e nos novos dispositivos de leitura de que são exemplo os e-books e os ipads.
Mas que formas de hipertextualidade? Vivemos um período de evolução e experimentação em que alguns ensaios serão bem sucedidos, outros nem tanto. Criatividade e imaginação são, por isso, essenciais para encontrar formas de hipertextualidade adequadas aos novos leitores e ao mundo tecnológico.

Textos de António Rodrigues de las Heras aqui

Via RBE

sábado, 16 de outubro de 2010

Homenagem a MATILDE ROSA ARAÚJO na IV Conferência PNL

A IV Conferência Internacional do Plano Nacional de Leitura, realizada a 15 e 16 do corrente mês, decorreu com grande interesse, na Fundação Calouste Gulbenkian. Ao princípio da tarde do primeiro dia de trabalhos, viveu-se um momento elevado e solene, com a homengam que foi prestada à autora Matilde Rosa Araújo. O texto exemplar de Leonor Riscado, professora da Escola Superior de Educação de Coimbra, sobre a autora e a sua obra, a apresentação de textos da autora pelas atrizes Lúcia Maria e Maria Leite e o vídeo que nos lembrou Matilde numa escola, interagindo com alunos, envolveram os presentes na riqueza humana da autora, paralelamente à sua mestria na escrita.

Sobre a sua vida e obra, relembramos o texto recentemente publicado, na edição de Junho do jornal escolar, O Intervalo, do Agrupamento de Escolas de Pedrógão Grande. A aluna Mónica Baeta do 5º A, escreveu-o pouco antes da autora nos deixar, apresentando a sua vida e obra, pela boca do livros "As Fadas Verdes".

Via RBE

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

IV Conferência Internacional PLANO NACIONAL DE LEITURA



A IV Conferência Internacional do PNL  vai centrar-se sobre o cruzamento entre a leitura e a tecnologia, tema da maior actualidade e pertinência. Serão também abordadas outras questões ligadas à leitura/escrita e alguns dos programas a LeR+.



15 e 16 de Outubro - 9:30h

Fundação Calouste Gulbenkian - Lisboa

Entrada livre

Programa

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Teixeira Gomes – A Literatura de um Presidente









Gostava mais do povo trabalhador do que da burguesia alambicada e egoísta este grande senhor das letras que nasceu numa família rica e poderosa de Portimão em 27 de Maio de 1860… (1)
Em tempos de memórias da Implantação da República, lembrámo-nos de ler e divulgar Manuel Teixeira Gomes, o escritor e o republicano que chegou a Presidente. Elegeram-no em 1923, abandonou o cargo em 1925. Não foi, contudo, o mais breve Presidente nem o único que se dedicou à Literatura. Dos dezoito presidentes que a República Portuguesa teve até hoje, dois outros - Manuel de Arriaga, o primeiro, e Teófilo Braga, o segundo - foram poetas, e Teófilo Braga com vasta obra no campo da poesia e da recolha e crítica literárias.
Teixeira Gomes, não sendo um escritor divulgado nas nossas escolas, é dotado de uma excelente escrita, que, indubitavelmente, agrada aos amantes da leitura. É sensual, gostosa, rica, desenhando personagens surpreendentes, finais inesperados e paisagens que visualmente nos chegam intactas.
Dado que viajou muito e permaneceu no estrangeiro em longas temporadas, por motivos políticos ou de negócio, e também nos dezasseis anos de exílio final da sua vida, conheceu sociedades e paisagens diversíssimas que transportou para os seus escritos: França, Holanda, Itália, Norte de África…
Algumas das suas narrativas mais conhecidas são Maria Adelaide, Novelas Eróticas e Gente Singular (colectânea de contos). A sua obra reflecte a sua personalidade, o seu génio de narrador e as suas experiências de vida filtradas pela lucidez, pelo sentido estético e pelo humor.
Na sua formação, conta-se a frequência do curso de Medicina em Coimbra, de que desistiu, para desgosto do pai, grande proprietário algarvio. Instalado em Lisboa, conviveu com os escritores João de Deus e Fialho de Almeida. Com 39 anos, juntou-se a Belmira das Neves, filha de pescadores, de quem teve duas filhas.
Na política, foi, desde jovem, republicano, tendo colaborado no jornal A Luta, de Brito Camacho. Depois da Implantação da República, em 1910, foi ministro de Portugal em Londres, em Madrid e delegado de Portugal nas Nações Unidas. Em 6 de Agosto de 1923, foi eleito Presidente da República, numa situação governativa extremamente instável, cargo a que resignaria em 1925, alegando motivos de saúde, após o que saiu de Portugal para não mais voltar.
Nas palavras de Teixeira Gomes, a explicação de tão breve governo é elucidativa:

A política longe de me oferecer encantos ou compensações converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório. Dia a dia, vejo desfolhar, de uma imaginária jarra de cristal, as minhas ilusões políticas. Sinto uma necessidade, porventura fisiológica, de voltar às minhas preferências, às minhas cadeiras e aos meus livros. (2)

Morreu aos 81 anos, em Bougie, na Argélia.

O dinheiro que tinha consigo chegou à justa para pagar a conta do hotel e as despesas do funeral. Nunca manifestou qualquer desejo respeitante ao seu enterro. Não costumava falar da morte. Por vezes chegou a desejá-la, nas horas de maior sofrimento. O orgulho, porém, vencia nele a dor física – esse indomável orgulho que o fez resignar as funções de chefe de estado, o orgulho que o levou ao exílio, o orgulho que não o deixou voltar a Portugal, o orgulho que o fez morrer longe da família e dos amigos, num quarto de hotel onde viveu dez anos, num desconforto moral arrepiante. (3)

Na pátria, em pleno Salazarismo, aquando da trasladação dos seus restos mortais, em 1950, o funeral de Teixeira Gomes, em Portimão, deu azo a uma grandiosa manifestação republicana.
Se ficou interessado neste autor e na sua escrita, leia as obras Maria Adelaide e Gente Singular, que serão objecto de duas pequenas análises em breve publicadas neste blogue.

Ana Garrido, Carla Diogo e Lina Heitor

(1) Urbano Tavares Rodrigues, "Prefácio" da obra Maria Adelaide
(2) Joaquim Nunes, "Prefácio" Da Vida e da Obra de Teixeira
(3) Norberto Lopes, O Exilado de Bougie


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Elogio da Biblioteca (3)

«E você fica com o livro por quanto tempo quiser.» Entendem? Valia mais do que me dar o livro: «pelo tempo que eu quisesse» é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.


Clarice Lispector, Felicidade Clandestina

Elogio da Biblioteca (2)

Faz parte das minhas lendas – como essa de dizer-se que eu sabia o Larousse de cor aos sete anos − atribuírem-me centenas de visões do Johnny Guitar. Num caso como noutro há exageros. Só vi o Johnny Guitar 68 vezes, entre 1957 e 1988. (…)
(…) Como as coisas muito grandes, Johnny Guitar não se explica. Conta-se (vê-se) outra, outra e outra vez como as histórias que se contam às crianças, até que tudo se saiba de cor e se aprenda que tudo está certo nelas. (…)
Quando o bando de Emma entra pelo saloon de Vienna, para a prender, os misteriosos croupiers param as roletas. Enfrentando Emma com o seu terrível olhar, Vienna, sem desviar os olhos dela, dá uma seca ordem: «Keep the wheel spinning, Ed. I like to ear it spin. No fim de cada visão de Johnny Guitar só me apetece dizer aos projeccionistas: «Keep the film spinning. I like to see it spin.» Tanto, tanto.


João Bénard da Costa, Os Filmes da Minha Vida

Elogio da Biblioteca (1)

A miúda fitou-me com os seus olhos azuis, sorriu imperceptivelmente e sentou-se ao piano. Ajeitou a saia à roda do banco e, de mãos imóveis no teclado, apesar do nosso silêncio, esperou ainda pela nossa atenção ou pela sua.
E então eu vi, eu vi abrir-se à nossa face o dom da revelação. Que eram, pois, todas as nossas conversas, a nossa alegria de taças e cigarros, diante daquela evidência? Tudo o que era verdadeiro e inextinguível, tudo quanto se realizava em grandeza e plenitude, tudo quanto era pureza e interrogação, perfeito e sem excesso, começava e acabava ali, entre as mãos indefesas de uma criança. Mas tão forte era o peso disso tudo, tão necessário que nada disso se perdesse, que as mãos de Cristina se estorciam na distância das teclas, suas pernas na distância dos pedais e toda a sua face gentil, até agora impessoal e só de infância, se gravava de arrepio à passagem do mistério. Toca Cristina. Eu ouço. Bach, Beethoven, Mozart, Chopin. Estou de lado, ao pé de ti, sigo-te no rosto a minha própria emoção. Apertas ligeiramente a boca, pões uma rugazinha na testa, estremeces ligeiramente a cabeleira loura com o teu laço vermelho. E de ver assim presente a uma inocência o mundo do prodígio e da grandeza, de ver que uma criança era bastante para erguer o mundo nas mãos e que alguma coisa, no entanto, a transcendia, abusava dela como de uma vítima, angustiava-me quase até às lágrimas. Toca uma vez ainda, Cristina. Agora só para mim. Eu te escuto, aqui, entre os brados deste vento de Inverno.


Vergílio Ferreira, Aparição

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Mário Vargas Llosa - PRÉMIO NOBEL da LITERATURA 2010

Mario Vargas Llosa é o vencedor do Prémio Nobel da Literatura 2010.


Uma distinção que vem reconhecer a vitalidade e qualidade de um autor pertencente a um universo literário, o latino-americano, já com diversos escritores galardoados com o Nobel:

Gabriela Mistral - 1945, Chile

Juan Ramón Jiménez - 1956, Venezuela

Miguel Angel Asturias - 1967, Guatemala

Pablo Neruda - 1971, Chile

Gabriel Garcia Marquez - 1982, Colômbia

Octavio Paz - 1990, México

Mario Vargas Llosa - 2010, Perú

via RBE

domingo, 26 de setembro de 2010

LeYa lança e-books

O grupo LeYa disponibiliza no Media Books mais de 100 e-books de grandes autores lusófonos. Podem ser descarregados para PC, Mac, qualquer e-reader (excepto Kindle), ipod, ipad e iphone.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

BOM ANO LECTIVO 2010-2011

A equipa da BE deseja a todos um bom ano lectivo 2010/2011.
Aproveitamos, ainda, para agradecer toda a colaboração prestada no ano lectivo anterior.
Continuamos a contar com a vossa presença, apoio e sugestões.
A equipa da BE: Conceição Pimenta (Departamento de Matemática e Ciências Experimentais), Fernanda Martins (Departamento de Expressões), Rosa Almeida (Dep. de Línguas), Leonor Inácio e Paula Gil (Dep. de Ciências Sociais e Humanas) e Elisabete Ferreira (assistente operacional).

domingo, 20 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO no New York Times

José Saramago, Nobel Prize-Winning Portuguese Writer, Dies at 87

José Saramago, the Portuguese writer who won the Nobel Prize in Literature in 1998 with novels that combine surrealist experimentation with a kind of sardonic peasant pragmatism, died on Friday at his home in Lanzarote in the Canary Islands. He was 87.
(...) A tall, commandingly austere man with a dry, schoolmasterly manner, Mr. Saramago gained international acclaim for novels like “Baltasar and Blimunda” and “Blindness.” (A film adaptation of “Blindness” by the Brazilian director Fernando Meirelles was released in 2008.)
He was the first Portuguese-language writer to win the Nobel Prize, and more than two million copies of his books have been sold, his longtime friend and editor, Zeferino Coelho, said.
A novel by Mr. Saramago, “The Elephant’s Journey,” is to be published posthumously in English on Sept. 8 by Houghton Mifflin Harcourt.
Mr. Saramago was known almost as much for his unfaltering Communism as for his fiction. In later years he used his stature as a Nobel laureate to deliver lectures at international congresses around the world, accompanied by his wife, the Spanish journalist Pilar del Río. He described globalization as the new totalitarianism and lamented contemporary democracy’s failure to stem the increasing powers of multinational corporations.
As a professional novelist, Mr. Saramago was a late bloomer. A first novel, published when he was 23, was followed by 30 years of silence. He became a full-time writer only in his late 50s, after working variously as a garage mechanic, a welfare agency bureaucrat, a printing production manager, a proofreader, a translator and a newspaper columnist.
(...) “Saramago for the last 25 years stood his own with any novelist of the Western world,” the critic Harold Bloom said in an interview for this obituary in 2008. “He was the equal of Philip Roth, Gunther Grass, Thomas Pynchon and Don DeLillo. His genius was remarkably versatile — he was at once a great comic and a writer of shocking earnestness and grim poignancy. It is hard to believe he will not survive.”
Notícia completa: aqui

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)

A Maior Flor do Mundo from Fundação Jose Saramago on Vimeo.


Sugestão: Prof. Paulo Mendes

sexta-feira, 18 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)



Quando ele terminou, as mãos dela já não estavam frias, as suas ardiam, por isso foi que as mãos se deram às mãos e não se estranharam. Passava muito da uma hora da madrugada quando o violoncelista perguntou, Quer que chame um táxi para a levar ao hotel, e a mulher respondeu, Não, ficarei contigo, e ofereceu-lhe a boca. Entraram no quarto, despiram-se e o que estava escrito que aconteceria, aconteceu enfim, e outra vez, e outra ainda. Ele adormeceu, ela não. Então ela, a morte, levantou-se, abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta de cor violeta. Olhou em redor como se estivesse à procura de um lugar onde a pudesse deixar, sobre o piano, metida entre as cordas do violoncelo, ou então no próprio quarto, debaixo da almofada em que a cabeça do homem descansava. Não o fez. Saiu para a cozinha, acendeu um fósforo, um fósforo humilde, ela que poderia desfazer o papel com o olhar, reduzi-lo a uma impalpável poeira, ela que poderia pegar-lhe fogo só com o contacto dos dedos, e era um simples fósforo, o fósforo comum, o fósforo de todos os dias, que fazia arder a carta da morte, essa que só a morte podia destruir. Não ficaram cinzas. A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras. No dia seguinte ninguém morreu».

José Saramago in As intermitências da morte.
 
 
Prof. Fernanda Afonso
 

quarta-feira, 9 de junho de 2010

DURANTE OS EXAMES NACIONAIS, CONTINUA A CONTAR COM O APOIO DA TUA BIBLIOTECA

'BORA P'RA BIBLIOTECA ESTUDAR UMA BECA



PROGRAMA:

- disponibilização de livros de apoio à realização dos exames nacionais.
- esclarecimento de dúvidas pelos professores das várias disciplinas.

 Autoria do cartaz: prof. Fernanda Martins

3ª COLECTIVA ARTES


A Galeria Municipal de Arte, no Barreiro, vai receber, a partir de HOJE, quarta-feira, dia 9 de Junho, e até 10 de Julho, a 3ª Exposição Colectiva de Artes, com trabalhos produzidos por representantes da Escola Secundária de Casquilhos e do Agrupamento de Álvaro Velho. A inauguração da Colectiva patente ao público, de terça-feira a sábado, das 16h00 às 22h00, está agendada para as 21h00.
A Galeria Municipal de Arte encontra-se na Avenida Alfredo da Silva nº 15 (Edifício do Antigo Tribunal do Barreiro), 2830 Barreiro. Telefone de contacto: 21 207 6759.


domingo, 6 de junho de 2010

PROJECTO DA BIBLIOTECA ESCOLAR APOIADO PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

A candidatura da Biblioteca da Escola, com o Projecto "Núcleos de Jovens Leitores, Artistas, Cientistas e Investigadores", ao Concurso da Fundação Calouste Gulbenkian "Apoio a Bibliotecas Escolares/Centros de Recurso" foi aprovada.
Mais informações: aqui

TMN lança livros para telemóveis

A TMN está a disponibilizar na app store da operadora e-books. Com esta iniciativa, que resulta de uma parceria com a Mobcast Services Limited, a operadora passa a disponibilizar aos clientes o acesso no seu telemóvel a um conjunto de e-books de “alguns dos títulos mais procurados da literatura internacional e portuguesa”, informa a empresa.
O catálogo está dividido em categorias como romance, thriller, humor, clássicos, apresentando títulos gratuitos e pagos com preços que oscilam entre os 1,5 e os 9,99 euros. The Girl with the Dragon Tatoo, de Stieg Larsson, Angels and Demons, de Dan Brown, a saga True Blood, de Charlaine Harris, e clássicos portugueses de Júlio Dinis, Almeida Garrett e Eça de Queirós são alguns dos títulos disponíveis. Os clientes da operadora têm acesso gratruito ao primeiro e-book que consultarem.
Os e-books disponíveis nesta fase de lançamento são compatíveis com mais de 80 telefones de vários sistemas operativos, como BlackBerry, Nokia, Samsung, Sony-Ericsson, LG e HTC”, informa a empresa.
Mais informações: aqui

sábado, 5 de junho de 2010

TOP escritores com menos de 40 anos, segundo a New Yorker

A revista New Yorker escolhe 20 escritores com menos de 40 anos cuja obra vale a pena acompanhar. 
-Chimamanda Ngozi Adichie (32 anos)
 - Chris Adrian (39)
- Daniel Alarcón (33)
- David Bezmozgis (37)
- Sarah Shun-lien Bynum (38)
- Joshua Ferris (35)
- Jonathan Safran Foer (33)
- Nell Freudenberger (35)
- Rivka Galchen (34)
- Nicole Krauss (35)
- Yiyun Li (37)
- Dinaw Mengestu (31)
- Philipp Meyer (36)
- C. E. Morgan (33)
- Téa Obreht (24)
- Z. Z. Packer (37)
- Karen Russell (28)
- Salvatore Scibona (35)
- Gary Shteyngart (37)
- Wells Tower (37)
Alguns destes autores estão editados em Portugal: Chimamanda Ngozi Adichie (Meio Sol Amarelo*, ASA) , Joshua Ferris (Então Chegámos ao Fim, Casa das Letras), Jonathan Safran Foer (Está Tudo Iluminado, Temas e Debates; Extremamente Alto, Incrivelmente Perto, Quetzal) ou Nicole Krauss (A História do Amor, Dom Quixote).
* existe na Biblioteca.
Fonte: http://bibliotecariodebabel.com/

 

sexta-feira, 4 de junho de 2010

João Aguiar (1943-2010)

João Aguiar nasceu em Lisboa em 1943, sendo licenciado em Jornalismo pela Universidade Livre de Bruxelas. No catálogo da ASA figuram os seus catorze romances (A Voz dos Deuses, O Homem Sem Nome, O Trono do Altíssimo, Os Comedores de Pérolas, A Hora de Sertório, A Encomendação das Almas, Navegador Solitário, Inês de Portugal, O Dragão de Fumo, A Catedral Verde, Diálogo das Compensadas, Uma Deusa na Bruma, O Sétimo Herói e O Jardim das Delícias) e um livro de contos (O Canto dos Fantasmas), além da série juvenil O Bando dos Quatro.

Parte da sua obra está traduzida em Espanha, Itália, Alemanha e Bulgária.
Para saber mais: Edições Asa

segunda-feira, 31 de maio de 2010

eBooks: é já a seguir em Espanha e França

Em Espanha acaba de nascer a Libranda, uma plataforma de distribuição de conteúdos digitais em castelhano e em catalão e que foi apresentada pela Confederación Española de Gremios y Asociaciones de Libreros (CEGAL).
Ao jornal “Público” espanhol, Santos Palazzi, da Planeta, revelou que os e-books custarão menos 30 por cento do que os livros em papel (entre os cinco e os 14 euros, consoante se trate de edições de bolso ou de capa dura). A percentagem de direitos de autor nos e-books será de 20 por cento, quando o normal para os livros impressos é de oito a 10 por cento.
Brevemente vai ser comercializado em Espanha o Ipad da Apple e a Telefónica e a Vodafone também têm planos para distribuir livros electrónicos por telemóvel.
A associação de livreiros espanhóis tem no seu site uma secção dedicada ao livro digital. E, no início desta semana, a revista “The Bookseller” divulgou que os editores franceses estão a seguir a mesma via e querem dar aos livreiros uma loja onde possam adquirir os livros em formato electrónico. Mais: em Outubro vai ser lançado o portal 1001libraires.com, que vai permitir a todas as livrarias independentes aceder à venda online de livros digitais e físicos.
Fonte:

http://www.ciberescritas.com/?p=8045

domingo, 30 de maio de 2010

18ª JORNADAS DE BIBLIOTECAS INFANTILES JUVENILES Y ESCOLARES: PROGRAMA Y OTRAS INFORMACIONES

El eBook y otras pantallas: nuevas formas, posibilidades y espacios para la lectura

Salamanca, Fundação Germán Sánchez Ruipérez, 26 a 29 Maio


La irrupción en nuestro entorno cultural del dispositivo de lectura electrónica conocido como eBook está generando incertidumbres y opiniones muy diversas. Su paulatina asimilación dentro de los lugares públicos y privados de lectura (bibliotecas, centros educativos y hogares) va a cambiar, como ya lo están haciendo otros soportes electrónicos, desde la forma de entender la lectura a la fisonomía de los espacios que la contienen y divulgan.
El encuentro de este año quiere analizar este fenómeno desde la perspectiva de los actores implicados: educadores, bibliotecarios, lectores, mediadores culturales, etc., a través de sesiones enfocadas a:
•Analizar el impacto y los cambios en los lectores de estas tecnologías respecto a sus formas de leer y comprender los textos escritos.
•Debatir sobre las modificaciones que este y otros dispositivos de la información suponen para los espacios de lectura: adecuación de instalaciones, creación de espacios virtuales y desarrollo de nuevos servicios.
•Perfilar propuestas que permitan a la escuela y la biblioteca tomar postura ante los desafíos presentes y futuros planteados por este nuevo contexto.
Para saber mais: aqui

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conferência "Escrever antes de ver, os relatos de viagem portugueses e a aprendizagem da Ásia Oriental no início do séc. XVI" - Retratos

Conferência "Escrever antes de ver, os relatos de viagem portugueses e a aprendizagem da Ásia Oriental no início do séc. XVI", pelo Professor Doutor Francisco Roque de Oliveira, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.
Auditório, 20 de Maio, 15 h




quinta-feira, 20 de maio de 2010

Jogos de computador e Web 2.0 – Desafios para a formação dos bibliotecários

Há muito que o termo “bibliotecário” evoca uma imagem algo estranha, empoeirada e ultrapassada, de alguém que colige, indexa e transmite a herança e o conhecimento da humanidade que se encontra especialmente em formato impresso, obrigando a um trabalho em certa medida conservador, cuidado e ponderado. Mas, com o passar do tempo, o bibliotecário evoluiu e com ele evoluíram também a mediação do conhecimento e da comunicação, uma evolução tão bem sucedida e discreta que, para a maioria das pessoas, a verdadeira função do bibliotecário se tornou quase uma incógnita.
Com a transformação da internet numa ferramenta de comunicação e informação à escala global, a validação e legitimação da profissão dos bibliotecários torna-se cada vez mais uma necessidade.
Conseguirão os bibliotecários acompanhar as evoluções tecnológicas de ponta? Como se alterou a aprendizagem e, em consequência, o utilizador? O que significam os novos media como os videojogos e a Web 2.0 para o trabalho futuro do bibliotecário e como é que isso irá influenciar a sua formação profissional?
No âmbito do projecto “Realidades Virtuais”, o Goethe-Institut Portugal, em colaboração com a BAD, o Instituto Cervantes, o Instituto Ibero-Americano da Finlândia e o Instituto Italiano de Cultura organizou a conferência internacional “Videojogos e Web 2.0: desafios para a formação dos bibliotecários”, que contou com a presença de especialistas de Portugal, da Alemanha, de França, de Espanha, de Itália e da Finlândia.
Para saber mais: aqui

sábado, 1 de maio de 2010

80ª Feira do Livro de Lisboa - Retratos

1º de Maio

QUANDO A HARMONIA CHEGA




Escrevo na madrugada as últimas palavras deste livro: e tenho o coração tranquilo, sei que a alegria se reconstrói e continua.

Acordam pouco a pouco os construtores terrenos, gente que desperta no rumor das casas, forças surgindo da terra inesgotável, crianças que passam ao ar livre gargalhando. Como um rio lento e irrevogável, a humanidade está na rua.

E a harmonia, que se desprende dos seus olhos densos ao encontro da luz, parece de repente uma ave de fogo.



Carlos de Oliveira, Trabalho Poético

Sugestão: Prof. Esmeralda Lopes

terça-feira, 27 de abril de 2010

Dia Mundial do Livro - A palavra de África

Literatura africana em língua portuguesa pelas professoras Fernanda Afonso*  e Arlete Cruz** com leitura de poemas por professores e alunos. Uma organização da Cooperativa Cultural Popular Barreirense com o apoio da Escola Secundária de Casquilhos.
Auditório, 27 de Abril, 15 h

* Prof. aposentada da E. S. Casquilhos, Doutora em Literaturas Africanas, foi leitora do Instituto Camões, durante doze anos, nas Universidades de Toulouse, Bruxelas, Gand e Lovaina, onde ensinou Literatura e Cultura Lusófonas, tendo promovido a criação de cursos de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, participado em palestras e publicado artigos em revistas portuguesas, francesas e belgas.
** Directora da E. S. Santo André, Mestre em Estudos Africanos.





 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cartaz: Prof. Miguel Brinca
Ideia para o bolo: Prof. Fernanda Martins

Festa da Francofonia - Lanche francês - Retratos

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Festa da Francofonia - Ciclo de Cinema Francês

Affiche Cinema 2010

Festa da Francofonia


 Festa da Francofonia/Fête de la Francophonie


De 26 de Abril a 06 de Maio decorre na nossa escola a Festa da Francofonia. Esta iniciativa tem como principais objectivos promover a língua, a literatura, o cinema e a gastronomia francesas. Para tal vão ser levadas a cabo várias actividades, entre as quais um ciclo de cinema francês que conta com a projecção de quatro filmes diferentes; a distribuição de crepes no bar; um lanche francês para professores; uma sessão no auditório sobre o existencialismo francês e, também neste espaço, uma apresentação dos trabalhos dos alunos sobre a francofonia. Esta iniciativa tem como principais objectivos promover a língua, a literatura, o cinema, a música e a gastronomia francesas.







Cartaz: Prof. Fernanda Martins

domingo, 25 de abril de 2010

25 de ABRIL

25 de ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 24 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas no iPad

Alice no País das Maravilhas - versão manuscrita

This manuscript - one of the British Library's best - loved treasures - is the original version of Alice's Adventures in Wonderland, by Lewis Carroll, the pen-name of Charles Dodgson, an Oxford mathematician.
Dodgson was fond of children and became friends with Lorina, Alice and Edith Liddell, the young daughters of the Dean of his college, Christ Church. One summer's day in 1862 he entertained them on a boat trip with a story of Alice's adventures in a magical world entered through a rabbit-hole. The ten-year-old Alice was so entranced that she begged him to write it down for her. It took him some time to write out the tale - in a tiny, neat hand - and complete the 37 illustrations. Alice finally received the 90-page book, dedicated to 'a dear child, in memory of a summer day', in November 1864.
Urged by friends to publish the story, Dodgson re-wrote and enlarged it, removing some of the private family references and adding two new chapters. The published version was illustrated by the artist John Tenniel.
Many years later, Alice was forced to sell her precious manuscript at auction. It was bought by an American collector, but returned to England in 1948 when a group of American benefactors presented it to the British Library in appreciation of the British people's role in the Second World War.

Versão completa: aqui

sexta-feira, 23 de abril de 2010

DIA MUNDIAL DO LIVRO (3)

No Dia Mundial do Livro, o grupo de Paulo Teixeira Pinto inaugura uma nova livraria, a Babel São Sebastião, em Lisboa. Entre o tradicional e o high-tech.

A Babel São Sebastião é uma livraria do presente mas também uma livraria do futuro. Paulo Teixeira Pinto, o presidente do grupo editorial Babel, andava hoje de manhã entusiasmado entre o espaço mais tradicional desta livraria que é inaugurada, às 18h, na Avenida António Augusto Aguiar, 148, em Lisboa, e o seu espaço “high-tech”, o cubo e-Babel, onde se pode aceder a conteúdos em suporte digital e multimédia. “É um novo conceito de livraria”, explica Paulo Teixeira Pinto.
A livraria terá um espaço dedicado às crianças – “os leitores do futuro” -, um espaço mais tradicional com livros impressos, um espaço de restauração “gourmet” em colaboração com o chefe Vitor Sobral (com menus entre os sete e oito euros) e uma esplanada. No cubo e-Babel terá ainda à venda a partir de Junho, o E-60 eBook reader, o leitor de livros electrónicos da Samsung.
Cadeiras de Philippe Starck convivem na livraria com estantes que utilizam materiais de construção em estado bruto, como cabos e tábuas de cofragem. Candeeiros de oficina misturam-se com espelho de talha dourada na casa-de-banho e cortinas vermelhas que tapam parte das gigantescas janelas que têm vista para a Fundação Calouste Gulbenkian.
Ao final da manhã já era possível tocar com a ponta dos dedos nos ecrãs tácteis disponibilizados dentro do cubo e-Babel e, por exemplo, folhear o eBook de um dos “best-sellers” da editora, “A Lua de Joana” de Maria Teresa Maia Gonzalez. A partir da próxima quinta-feira, dia em que a livraria Babel Sebastião abrirá ao público (das 8h às 20h, fecha aos domingos), será já possível não só visualizar centenas de obras mas também comprá-las e descarregá-las para telemóveis, computadores portáteis, leitores de livros electrónicos, canetas USB em formato digital (PDF ePub).
Na Babel São Sebastião, os leitores além de poderem comprar livros impressos editados pelo grupo e por outras casas editoriais, podem descarregar livros não convencionais – ebooks e também “trailers” de livros ou entrevistas áudio ou em vídeo com os autores.
“O conceito é nosso, mas foi a empresa Mobbit que deu corpo à nossa ideia”, explica Nuno Barros, administrador executivo do grupo Babel. O mentor da ideia foi Paulo Caius, que pertence ao conselho editorial do grupo, e é CEO da Roland. Será um dos oradores da sessão de lançamento de hoje (falará sobre o futuro do livro) juntamente com João Lobo Antunes, presidente do conselho editorial, e Paulo Teixeira Pinto.
Querem que várias livrarias espalhadas pelo país possam ter também nos seus espaços cubos e-Babel, para assim se criar uma rede que permitirá que um lançamento que se realize em Lisboa, possa ser visto em directo, através de webcast, em todos os outros cubos e-Babel e vice-versa.
Além da parceria com a Samsung, o grupo Babel (que tem a editora Guimarães e as chancelas Ática, Athena e Centauros; a editora Verbo, a Ulisseia; a Arcádia, a K4 e a Pi) fez também uma parceria com a Ongoing. Em comunicado enviado por este grupo às redacções, é explicado que é uma “parceria estratégica com o objectivo de desenvolver projectos multiplataforma para o mercado global da língua portuguesa”.
Esta noite, para comemorar o Dia Nacional do Livro, será lançada no Lux, às 22h, a obra “Babel sobre Babel” com textos de vinte dos membros do conselho editorial, “uma reflexão livre e sem critério editorial sob o mote Babel”, explicou Dalila Rodrigues, a coordenadora das edições de arte.

DIA MUNDIAL DO LIVRO (2)


AS ÁRVORES E OS LIVROS

As árvores e os livros
As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Jorge Sousa Braga, Herbário (2002)

DIA MUNDIAL DO LIVRO - O BIBLIOBURRO

quinta-feira, 22 de abril de 2010

DIA DA TERRA (2)

Raízes


Quem me dera ter raízes,
que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
um passo que fosse em vão.



Que me deixassem crescer
silencioso e erecto,
como um pinheiro de riga,
uma faia ou um abeto.


Quem me dera ter raízes,
raízes em vez de pés.
Como o lodão, o aloendro,
o ácer e o aloés.


Sentir a copa vergar,
quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
pelas raízes, ao chão.


Jorge Sousa Braga

DIA DA TERRA


        A Sunday Afternoon on the Island of  La Grande Jatte - 1884

                  Georges-Pierre Seurat         
                 Art Institute of Chicago



Explanation: Welcome to Planet Earth, the third planet from a star named the Sun. The Earth is shaped like a sphere and composed mostly of rock. Over 70 percent of the Earth's surface is water. The planet has a relatively thin atmosphere composed mostly of nitrogen and oxygen. Earth has a single large Moon that is about 1/4 of its diameter and, from the planet's surface, is seen to have almost exactly the same angular size as the Sun. With its abundance of liquid water, Earth supports a large variety of life forms, including potentially intelligent species such as dolphins and humans. Please enjoy your stay on Planet Earth.

Fonte: Astronomy picture of the day

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A MATEMÁTICA E OS SEUS ENCANTOS - A beleza matemática das conchas marinhas

A Beleza Matemática das Conchas Marinhas


Jorge Picado


21 Abril 2010
18h00

Há uma grande beleza nas pistas que a natureza nos oferece e todos nós a podemos reconhecer sem nenhum treino matemático. Podemos ser tentados a pensar que o crescimento das plantas e animais, por causa das suas formas elaboradas, é governado por regras muito complexas. Surpreendentemente, isso nem sempre é verdade, como as conchas e os búzios exemplificam: o seu crescimento pode ser descrito por leis matemáticas admiravelmente simples. Esta ideia de que a matemática se encontra profundamente implicada nas formas naturais remonta aos gregos antigos. Citando o matemático inglês I. Stewart, «a matemática está para a natureza como Sherlock Holmes está para os indícios». Todos nós já reparámos que a concha de qualquer molusco pequeno é idêntica à concha de um molusco grande da mesma espécie, com excepção do tamanho. Uma é um modelo exacto, à escala, da outra. As conchas, com a sua forma auto-semelhante, podem ser representadas por superfícies tridimensionais, geradas por uma fórmula relativamente simples, requerendo somente matemática elementar. Maravilhosamente, apesar da simplicidade dessa equação, é possível descrever e gerar uma grande variedade de tipos diferentes de conchas. Quais? Todos nós (com muito poucas excepções!), como veremos nesta palestra.


Jorge Picado

4ª EDICÃO DO DIA DAS ARTES


Autora do cartaz: Rute Pascoal, 12º D

Centenário da morte de Mark Twain (1835-1910)

Quem não lembra As Aventuras de Huckleberry Finn ou Tom Sawyer?
Quem não se cruzou já com um dos muitos pensamentos deste autor que marcou uma geração de escritores norte-americanos?
Mark Twain, pseudónimo de Samuel Langhorne Clemens, nasceu a 30 de Novembro de 1835 e faleceu a 21 de Abril de 1910. O rio Mississipi marcou a sua vida desde a infância, tendo também dado origem ao pseudónimo adoptado, que significa "duas marcas", uma expressão utilizada pelos barqueiros para verificar a profundidade dos rios. A sua vida não foi fácil, tendo começado a trabalhar aos 12 anos, após a morte do pai. A paixão pelas viagens levou-o a conhecer, não só muitos dos estados do seu país, mas também a Europa e o Médio Oriente, aspecto que se reflecte no conhecimento transmitido na sua obra acerca da sociedade americana do seu tempo e da humanidade em geral, utilizando com frequência um sentido de humor que o eleva à categoria de grande humorista da literatura mundial. Muitos dos seus pensamentos preservam uma actualidade inegável, como pode constatar-se no exemplo seguinte:

"Every time you stop a school, you will have to build a jail. What you gain at one end you lose at the other. It's like feeding a dog on his own tail. It won't fatten the dog."

Para rever um excerto de Huckleberry Finn:

terça-feira, 20 de abril de 2010

PERGUNTAS À LÍNGUA PORTUGUESA - MIA COUTO

Venho brincar aqui no Português, a língua.

Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.
A língua que eu quero é essa que perde função e se torna carícia. O que me apronta é o simples gosto da palavra, o mesmo que a asa sente aquando o voo. Meu desejo é desalisar a linguagem, colocando nela as quantas dimensões da Vida. E quantas são? Se a Vida tem é idimensões?
Assim, embarco nesse gozo de ver como escrita e o mundo mutuamente se desobedecem. Meu anjo-da-guarda, felizmente, nunca me guardou.
Uns nos acalentam: que nós estamos a sustentar maiores territórios da lusofonia.
Nós estamos simplesmente ocupados a sermos. Outros nos acusam: nós estamos a desgastar a língua. Nos falta domínio, carecemos de técnica.
Ora qual é a nossa elegância? Nenhuma, excepto a de irmos ajeitando o pé a um novo chão. Ou estaremos convidando o chão ao molde do pé? Questões que dariam para muita conferência, papelosas comunicações.
Mas nós, aqui na mais meridional esquina do Sul, estamos exercendo é a ciência de sobreviver. Nós estamos deitando molho sobre pouca farinha a ver se o milagre dos pães se repete na periferia do mundo, neste sulbúrbio.
No enquanto, defendemos o direito de não saber, o gosto de saborear ignorâncias. Entretanto, vamos criando uma língua apta para o futuro, veloz como a palmeira, que dança todas as brisas sem deslocar seu chão.
Língua artesanal, plástica, fugidia a gramáticas.
Esta obra de reinvenção não é operação exclusiva dos escritores e linguistas. Recriamos a língua na medida em que somos capazes de produzir um pensamento novo, um pensamento nosso. O idioma, afinal, o que é senão o ovo das galinhas de ouro?
Estamos, sim, amando o indomesticável, aderindo ao invisível, procurando os outros tempos deste tempo. Precisamos, sim, de senso incomum. Pois, das leis da língua, alguém sabe as certezas delas?
Ponho as minhas irreticências. Veja-se, num sumário exemplo, perguntas que se podem colocar à língua:

• Se pode dizer de um careca que tenha couro cabeludo?

• No caso de alguém dormir com homem de raça branca é então que se aplica a expressão: passar a noite em branco?

• A diferença entre um ás no volante ou um asno volante é apenas de ordem fonética?
• O mato desconhecido é que é o anonimato?

• O pequeno viaduto é um abreviaduto?

• Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente.

• Quem vive numa encruzilhada é um encruzilhéu?

• Se diz do brado de bicho que não dispõe de vértebras: o invertebrado?

• Tristeza do boi vem de ele não se lembrar que bicho foi na última reencarnação. Pois se ele, em anterior vida, beneficiou de chifre o que está ocorrendo não é uma reencornação?

• O elefante que nunca viu mar, sempre vivendo no rio: devia ter marfim ou riofim?

• Onde se esgotou a água se deve dizer: "aquabou"?

• Não tendo sucedido em Maio mas em Março o que ele teve foi um desmaio ou um desmarço?

• Quando a paisagem é de admirar constrói-se um admiradouro?

• Mulher desdentada pode usar fio dental?

• A cascavel a quem saiu a casca fica só uma vel?

• As reservas de dinheiro são sempre finas. Será daí que vem o nome: "finanças"?

• Um tufão pequeno: um tufinho?

• O cavalo duplamente linchado é aquele que relincha?

• Em águas doces alguém se pode salpicar?

• Adulto pratica adultério. E um menor: será que pratica minoritério?

• Um viciado no jogo de bilhar pode contrair bilharziose?

• Um gordo, tipo barril, é um barrilgudo?

• Borboleta que insiste em ser ninfa: é ela a tal ninfomaníaca?

Brincadeiras, brincriações.

E é coisa que não se termina.

Lembro a camponesa da Zambézia. Eu falo português corta-mato, dizia. Sim, isso que ela fazia é, afinal, trabalho de todos nós. Colocámos essoutro português - o nosso português - na travessia dos matos, fizemos com que ele se descalçasse pelos atalhos da savana.

Nesse caminho lhe fomos somando colorações. Devolvemos cores que dela haviam sido desbotadas - o racionalismo trabalha que nem lixívia. Urge ainda adicionar-lhe músicas e enfeites, somar-lhe o volume da superstição e a graça da dança.

É urgente recuperar brilhos antigos.

Devolver a estrela ao planeta dormente.

Mia Couto
Fonte: http://www.dsignos.com.br/curiosidades/DS_Texto_Perguntas%20a%20LP_MiaCouto.pdf

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Colóquio Mia Couto - Antuérpia - Março de 2010

 É já uma tradição do Departamento de Português do Instituto Superior de Tradutores e Intérpretes organizar colóquios internacionais e jornadas de investigação em torno de escritores do espaço lusófono.

No âmbito desses eventos vieram a Antuérpia José Eduardo Agualusa, Ana Paula Tavares, João de Melo, Luísa Costa Gomes, José Saramago e, desde a criação do Centro de Língua do Instituto Camões em Antuérpia em 2005, Lídia Jorge, Isabel da Nobrega, Teolinda Gersão, Hélia Correia, Jaime Rocha, Teresa Salema e Rui Mário Gonçalves.

Estes eventos foram realizados com o intuito não só de divulgar a literatura e a cultura portuguesas na Bélgica, mas também de contribuir para a reflexão em torno dos domínios da criação literária contemporânea.

Em Março de 2010 coube a vez a Mia Couto, num encontro que reuniu, para além do autor, especialistas da sua obra e alguns dos seus tradutores.

Foram concebidas duas áreas de trabalho, uma de análise e reflexão da obra do autor moçambicano e outra de abordagem dos problemas específicos que se colocam na tradução da língua de Mia Couto.

Comissão organizadora


Dr. José Nobre da Silveira

Dr. Frédéric Wille

Professora Doutora Anne Quataert

Comissão científica

Professora Doutora Christiane Stallaert (Artesis dep. VT)

Professor Doutor Alberto Carvalho (Univ. de Lisboa)

Professor Doutor David Brookshaw (Univ. de Bristol)

Doutora Fernanda Afonso (CRIMIC - Univ. Sorbonne Paris IV)

Doutor Arie Pos ( ICL – Univ. do Porto)


Fonte: http://www.coloquiomiacouto.be/

O iPad

domingo, 18 de abril de 2010

O FUTURO DO LIVRO E DAS BIBLIOTECAS

O FUTURO DOS LIVROS E DAS BIBLIOTECAS

Intervenção de Carlos Fiolhais no Colóquio sobre Gestão Editorial organizado pela Imprensa da Universidade de Coimbra na sua sede.

A Internet mudou as nossas vidas. Mudou, por exemplo, os livros e as bibliotecas. Mas ainda não é muito claro, porém, o modo como vão evoluir o livro e as bibliotecas com a revolução digital em curso. Certo é que estão a evoluir e que irão evoluir mais.
Os livros mantiveram-se em papel (publicam-se aliás cada vez mais, em Portugal é um em cada meia hora!), mas apareceram também em versões digitais, ebooks – de alguns livros há só mesmo em versões digitais –, que, em vários formatos, podem ser lidas por vários dispositivos dos quais ainda não existe um standard (há o Kindle, por exemplo, que já se vê muito nos Estados Unidos, e há recentemente o Ipad, que elimina o teclado e rato, mas cujo futuro se desconhece). A vantagem dos livros digitais é óbvia: a de evitar o "insustentável peso" do papel (as árvores e o clima agradecem!), a possibilidade de encontrar rapidamente uma passagem que se quer, etc. Os meus alunos, por exemplo, já estudam por pdfs que guardam nos seus portáteis ou netbooks, qualquer dia será nos seus telemóveis. Os inconvenientes do digital, para além da dificuldade, permitida pela cópia rápida e barata, de reconhecer e recompensar devidamente os autores e editores, são também óbvios: um livro é um objecto material com um design tão perfeito para cumprir a função que desempenha, que, na minha opinião, nunca será inteiramente substituído. Também a roda, uma vez inventada, nunca mais veio a ser substituída. O livro cabe na mão, acompanha-nos a qualquer lado, funciona de modo low-tech (nunca avaria!). É um bom presente para se dar a alguém, isto é, passa bem de uma mão a outra. Por alguma razão não houve ainda nos livros a revolução que houve na música, com o quase desaparecimento das lojas de discos em favor das descargas digitais. Estou convencido de que, no futuro, haverá a coexistência de livros em papel e livros digitais, com algum natural crescimento destes últimos nos próximos tempos. Soluções como a “Classica Digitalia”, publicada pelo Centro de Estudos Clássicos de Coimbra com o apoio da Imprensa da Universidade, em que os livros aparecem simultaneamente on-line em papel são augúrios do futuro. O print on-demand, permitido por máquinas como a Expresso Book Machine e outras, será uma realidade, pois não há tecnicamente nenhuma razão para não fornecer qualquer livro, mesmo esgotado ou mesmo nunca antes publicado em papel, a alguém que o queira e que esteja disposto a pagar os custos da respectiva materialização e outros. Passar do digital ao analógico em papel será conveniente, será mesmo necessário nalguns casos. Mas uma certa confusão entre suporte magnético e suporte em papel poderá vir a existir: cientistas como a portuguesa Elvira Fortunato querem - e conseguem - fazer transístores no papel. Se a ideia vingar, os ecrãs poderão ser tão flexíveis como o papel, apesar de terem uma imagem tão renovável como os ecrãs de cristais líquidos. "O futuro do livro é bom", como disse o escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo, que acrescentou logo a seguir "pois sempre vai existir o livro, ainda que noutra forma". O mais fantástico será se o livro existir de outra forma na mesma forma!


E qual será o futuro das bibliotecas, que foram desde tempos imemoriais os sítios onde se depositaram os livros para ficarem à disposição de todos? Nunca é de mais elogiar o papel das bibliotecas. Saiu nas notícias recentemente que Keith Richard, o guitarrista dos Rolling Stones, sempre quis ser bibliotecário. O segredo é revelado na sua autobiografia, Life, a sair em Outubro. Nela Richards revela que, como uma criança e jovem nos anos 50 em Londres, encontrou refúgio nos livros e nas bibliotecas antes de descobrir a música. Declarou: “Quando somos jovens, há duas instituições que nos afectam fortemente: a igreja, que pertence a Deus, e a biblioteca, que te pertence.”

As bibliotecas começaram por ter catálogos electrónicos, para passarem a ter livros electrónicos (digitalizando livros antigos ou modernos, como faz o Google, ou arquivando livros electrónicos de raiz, como acontece com os repositórios digitais de teses e de outros trabalhos científicos). A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) e a Imprensa da Universidade de Coimbra têm acordos com o Google para digitalização das suas edições próprias, e a Universidade de Coimbra, através do seu Serviço Integrado de Bibliotecas (SIBUC), disponibiliza urbi et orbi o “Estudo Geral”, repositório de obras modernas, com cerca de 8000 itens, e a “Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra”, repositório de obras antigas, com cerca de 5000 itens. De certo modo a rede mundial de computadores que temos hoje é já uma gigantesca biblioteca, que inclui numerosas bibliotecas virtuais e tudo o resto que a que também, com alguma boa vontade, se poderá chamar biblioteca. As bibliotecas modernas são híbridas - espaços inspiradores guardando e mostrando livros tradicionais em papel que importa preservar e, ao mesmo tempo, sítios no ciberespaço, permanentemente acessíveis, com e sem fios (por exemplo, com smartphones). A Biblioteca Joanina não perde o seu poder encantatório por parte dos seus livros (infelizmente ainda pequena) estarem na Net. O movimento imparável é no sentido de digitalizar tudo o que não foi criado em forma digital. Existem os meios técnicos para isso e Portugal está muito atrasado neste domínio (porque não está todo o Eça de Queiroz acessível digitalmente?), pelo que terá rapidamente de recuperar esse atraso, por meio de um grande esforço nacional e transnacional: por que não envidar esforços sérios com o Brasil e outros países de língua portuguesa para aumentar a presença da nossa língua na Net? Estou, neste domínio, optimista: aquilo que se pode fazer vai ser feito, até porque neste caso há muito para fazer e é bom que se faça...
As vantagens das bibliotecas digitais são óbvias, desde logo a concentração no espaço e a rapidez de acesso. Os físicos e os engenheiros resolverão os problemas técnicos dos suportes magnéticos de longa duração, transferindo a informação em bits dos suportes que se vão tornando obsoletos e resolverão também os problemas da comunicação que só não é instantânea porque há o limite da velocidade da luz. A nanotecnologia virá ajudar, com a criação de dispositivos minúsculos que armazenem informação gigantesca - talvez numa folha de papel possa caber toda a Biblioteca Joanina. Lembro que a ideia de nanotecnologia foi lançada em 1959 pelo físico norte-americano Richard Feynman (“Há muito espaço lá em baixo”) que pretendia nada mais nada menos do que colocar os 24 volumes da Enciclopédia Britânica na cabeça de um alfinete e verificou, fazendo as contas, que era possível colocar todos os livros do mundo num minúsculo grão de poeira. Parafraseando William Blake: “all the books in a grain of dust”.
Claro que uma coisa é a existência digital na Internet e outra o respectivo acesso: estar na Internet não significa que seja grátis e estou convencido que terá de haver cada vez mais pagamento de custos de acesso ao digital que não seja simplesmente a favor da operadora telefónica: também pagamos a electricidade não só a quem a transporta mas também e principalmente a quem a produz. Sei bem que esta questão do copyright é polémica – é conhecida a oposição aos projectos do Google de alguns editores e autores, mas estou em crer que é necessário encontrar um novo equilíbrio entre o necessário reconhecimento da criatividade e o direito da comunidade ao acesso ao património. Um editorial recente do The Economist, por ocasião dos 300 anos da lei do copyright britânica, vai precisamente nesse sentido, lembrando que os prazos de reivindicação de direitos eram na época muito menores do que hoje. Mas não é fácil concretizar um esquema justo de pagamento, sem ao mesmo tempo permitir a liberalização da cópia, que a tecnologia tornou demasiado fácil.
Com o cut and paste indiscriminado feito a partir da Internet, ao qual dificilmente será posto cobro (a escola portuguesa não só não o enfrenta como até o incentiva!), o papel das bibliotecas terá de ser sempre o da salvaguarda das obras e dos autores originais, para além de ajudar na educação que cada vez se revela mais necessária para encontrar o ouro no meio de muita, mesmo muita ganga. Há ideias novas a pôr em prática. Uma delas é a instituição do depósito digital. O depósito legal é uma instituição em muitos países desde há muito tempo, que consiste em garantir a guarda para memória futura e acesso público de pelo menos uma cópia de uma publicação em papel (livros, revistas, jornais, etc.). A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a mais antiga biblioteca pública portuguesa (em 2013 vai fazer 500 anos), é beneficiária desde há quase um século do depósito legal. Ora parece que ainda ninguém se lembrou que hoje todos os livros, revistas ou jornais que se imprimem começam por existir em forma digital, pelo que, se o que está em jogo é a preservação e o acesso aos conteúdos, faz todo o sentido iniciar um depósito electrónico generalizado, de forma a que não prejudique os direitos de autor. Não se trata apenas de fazer cópias digitais da Internet, ou de domínios dela (o que decerto é não só viável como útil), pois há muita informação, digital o não, que não está na Internet. Mas sim de criar uma nova biblioteca, uma biblioteca mundial, de onde pudessem ser feitas consultas e descargas, de uma maneira que há obviamente que regular. Os direitos de autor deveriam continuar a ser reconhecidos e os autores devidamente recompensados. O que não faz muito sentido, na minha opinião, é criar um documento digital, materializá-lo em papel e, mais tarde, se se quer um documento em forma digital, ter de o digitalizar. O depósito legal foi uma criação dos estados, naturalmente ciosos das suas línguas e das suas culturas. É por isso que hoje há grandes bibliotecas nacionais, como a do Congresso dos Estados Unidos, a maior do mundo, e não há grandes bibliotecas internacionais. Mas poderia haver um depósito digital verdadeiramente internacional, uma biblioteca mundial, que poderia chamar-se "Biblioteca de Babel". No mundo global em que vivemos, um depósito digital não pode nem deve ser apenas nacional. O projecto Gutenberg de disponibilização on-line de obras que não têm direitos de autor aponta nesse sentido. O open access, o movimento em curso no sentido de liberalizar o acesso a criações científicas (e que está na base do “Estudo Geral”), vai também nesse sentido, o de facultar a todos o máximo do saber humano, pois, como disse o astrofísico norte-americano Carl Sagan, o "destino do homem é o conhecimento". A "Biblioteca de Babel" inteiramente digital é uma utopia ao nosso alcance, pois é viável tecnologicamente, assim haja vontade política para isso. Será um projecto mais para uma organização internacional como as Nações Unidas do que para uma empresa multinacional, como a Google, mas poder-se-á pensar numa parceria entre público e privados. A ideia da "Biblioteca de Babel" não é original pois já o escritor argentino Jorge Luís Borges escreveu um conto com esse mesmo título, com a diferença de que a biblioteca borgiana era excessivamente grande: tinha tudo o que já se escreveu e se pode algum dia vir a escrever, em qualquer língua do mundo, quando eu me contentaria com tudo o que já algum dia se escreveu, de forma organizada e para ser divulgado. É difícil conceber a mudança que poderia resultar, nas nossas vidas, do facto de termos acesso a esse repositório imenso de saber e de sonho, de conhecimento e de imaginação!
Lembro que a história de Babel vem na Bíblia, no Génesis: os homens, que formavam uma comunidade de uma só língua, tentaram fazer um edifício que chegasse a Deus e este, furioso, destruiu-o dispersando a humanidade em comunidades de várias línguas. A "Biblioteca de Babel", na linha do que disse Keith Richard, é uma das formas, talvez a melhor forma, de o homem, tal como no mito bíblico, aspirar à omniciência, isto é, aspirar a uma das qualidades de Deus
Carlos Fiolhais